Hero

19 de Mai de 2015

Em 1981, foi publicado um dos primeiros RPGs voltados para o mundo dos super-heróis dos quadrinhos: Champions, em um livrinho de apenas 64 páginas. Os seus criadores,George MacDonald, Steve Peterson, Bruce Harlick e Ray Greer, primeiramente o publicaram por conta própria e, depois, entraram em parceria com outras editoras; primeiro com a Iron Crown Enterprises, mais tarde com a R. Talsorian Games e, atualmente, com a DOJ – com o título Hero Games.

Além de ser um dos primeiros RPGs voltados para o universo dos quadrinhos, Champions também foi um dos primeiros sistemas baseados em pontos para a criação das personagens e, igualmente, um dos primeiros a usar apenas dados cúbicos comuns (d6).

Champions passou por várias edições na década de 1980, e logo revelou ter potencial para alcançar outros gêneros que não apenas o de super-heróis. Em 1989, a Iron Crown publicou a 4ª edição, com uma novidade importante neste sentido: separou as regras da ambientação, batizando o sistema de regras com o nome Hero e mantendo o nome Champions para o universo oficial do sistema. Com isto, Hero tornou-se de fato um sistema universal, ampliando as ambientações com livros específicos — Fantasy Hero, Cyber Hero, Ninja Hero, Horror Hero, Star Hero e outros.

A 5ª edição do sistema Hero foi publicada em 2001, agora sob a batuta de Steve Long; uma extensa revisão das regras saiu em 2004 (5ª edição, revisada). Finalmente, em 2009, foi publicada a 6ª edição.

Criação de Personagens

Como mencionei acima, o Hero é um sistema no qual as personagens são criadas pagando pontos por suas capacidades. A quantidade de pontos varia conforme ao tipo e ao nível de poder da campanha. As personagens não tem níveis. Os “pontos de experiência” ganhos durante as aventuras são idênticos aos pontos de criação de personagens e podem ser usados da mesma maneira, para aquisição ou evolução de capacidades das personagens.

Uma distinção crucial deste sistema é a de campanhas “heróicas” e campanhas “super-heróicas”. Nas primeiras, tipicamente com personagens construídas com menos pontos, as armas e outros equipamentos das personagens são adquiridos no contexto da campanha, normalmente mediante pagamento em dinheiro ou outros meios. Já nas campanhas super-heróicas, toda capacidade de uma personagem, seja proveniente de um item de equipamento ou de um poder intrínseco, custa pontos.

Além do total de pontos definido pelo mestre para a sua campanha, os jogadores também podem incluir Complicações (“desvantagens”) em suas personagens, recebendo mais pontos em troca de entregarem ao mestre oportunidades para envolver as personagens em situações difíceis. Por exemplo, uma personagem pode ter um código de honra pessoal que o proíbe de matar… o que dá licença ao mestre para criar situações nas quais este código de honra conflite com outras motivações da personagem.

Com os pontos, os jogadores adquirem Características (Força, Destreza, Velocidade, Resistência a Danos, etc.), Perícias (Montaria, Esgueiramento, etc.), Privilégios (Imunidade Diplomática, Contato, etc.), Talentos (Ambidestria, Reflexos Rápidos, etc.) e Poderes (Vôo, Telepatia, etc.).

Uma característica essencial do sistema é que ele distingue o fundamento de um poder do seu “efeito especial”. Assim, ao contrário de outros sistemas, não há um poder “raio de fogo” e um poder “relâmpago” distintos; ambos podem ser representados como Projeção de Energia, um com um efeito especial de fogo e outro com um efeito especial de eletricidade.

Mecânica

O Hero utiliza para quase todas as situações lances de 3d6. A principal exceção são os lances de efeitos (por exemplo, os danos aplicados por uma flechada), que variam de 1/2 d6 a 12d6 ou mais.

Vantagens e Desvantagens do Sistema

A principal desvantagem do sistema Hero é a grande complexidade da criação de personagens, que envolve vários cálculos não-intuitivos. Felizmente, a Hero Games publica um programa para computador criado em Java (e portanto multiplataforma), o Hero Designer, que permite a criação de personagens de forma muito rápida e prática.

Quando todas as opções do sistema são empregadas, os combates também ficam complexos; a resolução de um combate pode levar bastante tempo. Mas, como o sistema é modular, os jogadores podem utilizar apenas as opções que sejam mais interessantes, tornando o combate mais ou menos demorado ao gosto do grupo.

A maior vantagem do sistema é a sua incrível flexibilidade. Praticamente qualquer personagem pode ser criada com as regras do Hero — mesmo personagens que “quebram” outros sistemas, como o Lanterna Verde. Além disso, as regras de criação de personagens são fundamentalmente voltadas para o equilíbrio de poderes, dando níveis de poder semelhantes a personagens criadas com a mesma pontuação.

Vale a pena experimentar o Hero se você está procurando um sistema realmente universal.

Somente assinantes podem enviar comentários.

Assine agora!

Já tem uma assinatura? Entre!

LC, o Quartelmestre

Também conhecido como Luiz Cláudio Silveira Duarte. Escritor, poeta, pesquisador, jogador, polímata, filômata... está bom para começar.