Seria fácil...

24 de Mar de 2016

Mais cedo vi um texto, de um autor chocado com as incessantes revelações sobre as roubalheiras governamentais e empresariais. Neste texto, ele desabafava que a República acabou, e dizia que melhor seria a monarquia absoluta, com um déspota esclarecido. Se roubar, dizia ele, a gente lhe corta a cabeça e põe outro.

Pensando neste texto, e pensando no abaixo-assinado pedindo que o juiz Moro cuide de todos os processos sobre políticos corruptos. É fácil, não é?

É fácil atribuir a apenas uma pessoa a responsabilidade por todos os crimes. É fácil atribuir a apenas uma pessoa a responsabilidade por todas as soluções. Afinal, se não gostarmos, é só cortar-lhes a cabeça.

Quantas pessoas se recusam a ir a suas convenções de condomínio, e preferem deixar que síndicos ineptos, mal-intencionados, ou mesmo criminosos se perpetuem em seus cargos? Mas são pessoas sérias, que depois vão comentar nos corredores como é absurdo que fulano continue sendo síndico.

Dá trabalho acompanhar as contas do condomínio, e fiscalizar o síndico responsável pelo seu patrimônio. É muito mais fácil reclamar pelos corredores.

Também dá trabalho manter-se informado sobre o que fazem os políticos que elegemos, e os políticos que pensamos em eleger. Dá trabalho acompanhar as notícias, debater os assuntos que dizem respeito a todos nós. É muito mais fácil eleger um veículo e pegar todas as notícias por ele.

Dá trabalho educar os nossos filhos, e acompanhar os estudos deles. É muito mais fácil deixar que os professores o eduquem, e reclamar depois do que lhes foi ensinado.

Dá trabalho ver alguém pichar um muro, ou jogar lixo no chão, e chamar-lhe a atenção, ou mesmo chamar a polícia. Dá trabalho esperar o semáforo ficar verde.

Vamos começar a ter um pouco de trabalho, ao invés de pedir que os outros assumam nossas responsabilidades?

Somente assinantes podem enviar comentários.

Assine agora!

Já tem uma assinatura? Entre!

LC, o Quartelmestre

Também conhecido como Luiz Cláudio Silveira Duarte. Escritor, poeta, pesquisador, jogador, polímata, filômata... está bom para começar.