Reavaliando padrões
No início do governo Castelo Branco, o embaixador brasileiro nos EUA, Juracy Magalhães, pronunciou uma frase tristemente célebre: “O que é bom para os Estados Unidos é bom para o Brasil”.
Na política, o impacto deste tipo de alinhamento é conhecido, pelo menos pelos que se são ao trabalho de raciocinar um pouco. Preocupo-me, aqui, com o impacto de pensar assim na pesquisa e na ciência.
Leio que a Organização Mundial de Saúde divulgou um estudo, realizado em vários países do mundo, reavaliando os padrões de crescimento fetal. No Brasil, a instituição responsável pela pesquisa foi a Unicamp.
Como a reportagem indica, a tecnologia da ultrassonografia foi desenvolvida nos EUA, e por isso os padrões de crescimento fetal foram também desenvolvidos lá. Antes desta tecnologia, era impossível conseguirem-se informações precisas sobre o tamanho e o crescimento de fetos saudáveis.
Mas o que acontece nos EUA não acontece necessariamente no Brasil, ou em outros lugares do mundo. Assim, a pesquisa patrocinada pela OMS redefiniu estes padrões, avaliando pessoas em diversos países.
A reportagem, claro, não dá todos os detalhes sobre a metodologia adotada pelos pesquisadores; mas o que indica mostra o necessário cuidado para evitar distorções nos dados coletados.
Mais uma vez, uma das nossas poucas instituições de pesquisa de ponta realiza um trabalho sério e necessário. Tenho certeza que muitas gravidezes serão mais tranquilas a partir deste resultado; como diz o texto da reportagem, às vezes uma diferença de milímetros significa a realização ou não de um procedimento arriscado ou caro.
Mais uma vez, os que realizaram esta pesquisa serão conhecidos apenas por uns poucos especialistas na área. A maior parte das pessoas, quando pensa em universidades, pensa em diplomas, e acha que “fazer pesquisa” é ficar lendo livros na biblioteca.
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