Galileu
Um vídeo muito interessante, e que confirma — com a tecnologia moderna — um dos mais belos experimentos de Galileu.
O experimento de Galileu é um dos grandes momentos da ciência, e ele também tem uma dimensão muito pessoal para mim.
Eu estava a poucos dias de meu 14o aniversário quando tive as primeiras aulas do primeiro ano do segundo grau. Uma destas aulas foi a minha primeira aula de Biologia, com o professor Corádi, um dos professores veteranos do Marista.
Na aula, o professor Corádi discorreu sobre o método científico: hipóteses, experimentos, etc. Depois de expor o assunto, ele perguntou se alguém podia dar um exemplo de aplicação do método científico.
Ergui a mão e expliquei o experimento de Galileu: que ele quis pôr à prova a afirmação aristotélica de que pesos diferentes caíam com velocidades diferentes e, para eliminar a variável da resistência do ar, usou corpos com mesmas forma e dimensões, mas com massas diferentes. (Somente anos depois é que eu soube que ele usou planos inclinados em seu experimento; à época, eu acreditava na lenda que ele teria feito o experimento na torre de Pisa.)
O professor Corádi ouviu atentamente a explicação, e, ao final, disse É uma história muito interessante, pena que completamente fictícia. Para que este experimento pudesse ter acontecido, ele teria que tê-lo realizado em um lugar sem gravidade, como a Lua.
Estupefato mal começa a descrever como eu fiquei, ao ouvir este amontoado de asneiras, ditas no melhor tom professoral, colocando o aluno metido em seu lugar. Pouco depois, saímos para o recreio. Ainda aturdido, comentei com um de meus colegas — Luís, um excelente aluno — que não entendia como o professor podia ter falado tanta bobagem e duvidado do que eu contara.
A resposta de Luís conseguiu me deixar ainda mais aturdido e triste: “Ele é o professor, Luiz Cláudio, deixa de ser exibido!”
Foi a primeira vez que passei por situação semelhante. Não foi a última. Anos depois, conheci uma frase de Isaac Asimov que bem sumariza o que senti:
O aspecto mais triste da vida, hoje, é que a ciência amealha conhecimento mais rápido do que a sociedade amealha sabedoria.
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