Trail of Cthulhu
Na semana passada, tive a oportunidade de mestrar uma aventura de Trail of Cthulhu para um grupo de cinco jovens, todos acabando agora o ensino médio.
Selecionei uma aventura singular, The Dwellers in the Dunes, publicada no livro Mythos Expeditions. Nesta história, os personagens são participantes de uma expedição científica nos anos 1930, procurando fósseis na região mongol do deserto de Gobi.
Mais abaixo, faço um sumário com alguns spoilers; recomendo que quem tenha o potencial de jogar esta aventura em algum momento do futuro não ultrapasse a linha de aviso. Para estes, em todo caso, posso dizer que a partida foi uma das preciosas ocasiões em que consegui criar um nível quase insuportável de tensão e angústia entre os jogadores — e eles amaram!
Os spoilers seguem abaixo da linha.
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A aventura conta com um conjunto de personagens não-jogadores relativamente grande, formado essencialmente pelos outros membros da expedição. Nas cenas introdutórias, os jogadores conhecem estes NPCs — alguns com personalidade bastante desagradável — e tomam contato com suas idiossincrasias.
Durante a viagem de Pequim até o acampamento-base, os jogadores presenciaram diversos portentos sinistros, o que foi criando o clima adequado. Quando chegaram ao destino, descobriram que bandidos haviam saqueado o acampamento e levado quase todos os suprimentos. O comboio de caminhões da expedição foi enviado de volta à cidade mais próxima para pegar mais suprimentos; somente um caminhão ficou no acampamento. A viagem do comboio deveria levar pelo menos quatro semanas.
Os primeiros dias de trabalho correram sem eventos importantes, mas serviram para mais uma vez ressaltar os diversos problemas de personalidade entre os membros da expedição.
A certa altura, um grupo de três esqueletos fósseis hominídeos foram encontrados e desenterrados. Os esqueletos tinham características estranhas; vários problemas começaram a acontecer após a descoberta, especialmente o exacerbamento dos traços de personalidade mais difíceis entre os membros da expedição.
Os esqueletos foram levados para o acampamento. A partir de então, pessoas começaram a ser assassinadas de forma ritual. Muitos dos suprimentos remanescentes foram destruídos, e a paranoia dos jogadores ia aumentando à medida que suas investigações avançavam.
Como é comum em aventuras de Trail of Cthulhu, os jogadores não sofriam com falta de informações, e sim com seu excesso, sem conseguir dar um nexo ao que descobriam. Também como é muito comum, mais de uma vez tropeçaram na resposta, mas se levantaram e seguiram em frente sem olhar para ela…
A tensão era tanta que chegaram a considerar seriamente a hipótese de fugirem a pé, pelo deserto, sem suprimentos e sem mapas, pensando que uma chance infinitesimal de sobrevivência era melhor que chance nenhuma.
Ao final, eles se barricaram dentro do caminhão remanescente (que eles não conseguiam usar), preparando coquetéis Molotov e barreiras, para se defenderem dos alienígenas que imaginavam estar prestes a atacá-los. Quando o comboio de suprimentos chegou, eles entraram em pânico, jogando cinco das bombas improvisadas no primeiro caminhão, antes que um deles pensasse em verificar se era o socorro.
Nenhum dos personagens-jogadores perdeu sua vida, mas nem por isso saíram ilesos. Os jogadores não representaram tensão e pânico, eles de fato estavam assim. Um deles havia jogado outra aventura muito tensa (Grace Under Pressure), e achou que The Dwellers in the Dunes foi muito mais angustiante do que aquela.
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