A realidade da fé
Há alguns dias, li na http://RPG.net uma resenha, escrita por Endzeitgeist, sobre o RPG Faith (versão 2.0). Mecanicamente parece ter algumas ideias interessantes, mas a resenha deixa claro que o grande apelo do sistema é o ambiente criado para o jogo: um mundo de ficção científica, no qual existem seres sobre-humanos — deuses — e existem evidências empíricas de seu poder.
O ponto interessante é o que Endzeitgeist declara sobre a questão da fé. Primeiro, ele comenta que, sendo ateu, estava preocupado com um jogo de ficção científica que lidasse com aspectos sobrenaturais , afirmando — com razão — que a fé não exige evidência empírica. Ele prossegue, elogiando o ambiente do jogo por oferecer esta evidência, provando que aqueles deuses existem e têm poderes reais.
Não estou, aqui, preocupado com o jogo, que sequer conheço. Mas considero muito interessante que um autor e jogador tão experiente ficasse preocupado, pouco à vontade, com a ideia de um RPG de ficção científica tratar de fé — aparentemente, porque ele mesmo não tem uma fé religiosa.
O interessante é que a fé é um fenômeno muito real! Humanos têm as mais variadas fés e crenças.
Há os que acreditam em um único Deus, ou em muitos deuses, ou que não existem deuses.
Há os que acreditam na ciência, ou na magia, ou na democracia, ou no marxismo.
Há os que acreditam em líderes, ou em gurus, ou em amigos.
Há os que acreditam em si mesmos, ou não.
Há, enfim, os que acreditam que suas crenças são justificadas, e os que não se preocupam com esta questão.
Esta enfiada de crenças que indiquei é apenas uma amostra. Pode ser que a capacidade de acreditar seja uma característica humana. Como tal, acho muito bom que uma obra de ficção científica explore a fé. Childhood’s End, Dune, A Canticle for Leibowitz… os exemplos são inúmeros.
Não me importo se alguém acredita em um único Deus ou se acredita que o XV de Piracicaba é o melhor time do mundo. Que efeito sua crença tem sobre ele e os demais? Isso, sim, é importante.
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