Wallace e Tolkien
Em 1984, eu estava em São José dos Campos, fazendo o curso de controlador de tráfego aéreo no IPV. Durante uma conversa com os colegas, lembro de ter mencionado um trecho do livro 2010, de Arthur Clarke. Coloco aqui o trecho como o lera na época, na tradução sofrível que a Nova Fronteira publicou:
Logo depois de chegarmos aqui, percebi que Io me lembrava alguma coisa; levei uns dois dias para descobrir o que era, e tive que consultar os Arquivos da Missão, pois a biblioteca da nave não ajudou em nada, uma vergonha! Você se lembra que eu lhe apresentei o The Lord of the Rings (O Senhor dos Anéis), quando éramos ainda garotos, na conferência de Oxford? Bem, Io é Mordor; consulte a Parte Três (O Retorno do Rei). Há uma passagem que fala dos ‘rios de rocha fundida que se entrelaçam (…) até resfriarem e se prostrarem em formas de dragão, retorcidas, vomitadas da terra atormentada’. É a descrição perfeita: e como é que Tolkien sabia disso a um quarto de século antes que se tivesse visto uma fotografia de Io? É a Natureza imitando a Arte…
À época, esta era a única referência que eu conhecia à obra de Tolkien. Quando a mencionei na conversa, meu colega Wallace disse que tinha o livro em sua casa, em Belo Horizonte. Era a edição da Artenova, em seis volumes. Quando ele foi a Belo Horizonte, trouxe-me emprestados os seis volumes.
35 anos… Desde então, acho que The Lord of the Rings tornou-se o livro que mais vezes li na vida (creio que mais de vinte), e a obra de Tolkien – o legendarium – tornou-se uma referência literária essencial para mim.
Nenhum motivo especial para lembrar disso agora… mas foi graças ao grande Arthur Clarke e ao meu colega Wallace que eu cheguei a esta obra. Obrigado!
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