O fascismo e os meios de comunicação
Vou traçar alguns paralelos entre a ascensão da direita xenófoba, no Brasil e no mundo, com a cena nazifascista dos anos 1930. Não quero com isso dizer que Bolsonaro seja nazista ou fascista, nem quero usar o fantasma do nazismo como um fantoche para dizer que Bolsonaro é bobo, mau e feio. Mas identifico elementos comuns na ascensão daqueles regimes e nos de nosso momento, e é destes elementos que quero tratar.
O nazifascismo era um fenômeno complexo, social e politicamente. Entre as suas causas, destaco as seguintes: grandes perdas recentes para a população de seus países (na Alemanha, perdas de guerra e com a hiperinflação; na Itália, formalmente vencedora, a guerra teve um custo altíssimo), regimes liberais incapazes de responder aos desafios do momento, polarização do debate político entre grupos extremistas…
… e o uso consciente de novas tecnologias de comunicação por estes grupos extremistas. A ascensão dos nazistas não teria acontecido sem o uso do rádio, dos jornais (especialmente o Völkischer Beobachter e o Der Stürmer) e do cinema. O uso maciço das técnicas de publicidade fica evidente em todas as ações públicas do partido nazista. Os nazistas também instalaram uma grande capilaridade na sociedade alemã: praticamente qualquer quarteirão de uma cidade tinha o seu responsável na estrutura do partido, que respondia ao chefe de bairro, que respondia ao chefe da cidade…
Pensar a dimensão política de Hitler e Mussolini era falar em meios de comunicação de massa. Eles tomaram de assalto as tecnologias de comunicação e as usaram como armas para tomar o poder.
Deixo como exercício para a turma as comparações com o uso perverso das atuais tecnologias de comunicação – especialmente a Internet – por extremistas de todos os matizes.
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