Jogos e riscos

Jogos digitais usam avanços tecnológicos para reduzir riscos sociais, mas qual é o preço a pagar?

podcast 18 de Jun de 2021

Este episódio apresenta um insight, derivado de um tema que será explorado pelo meu amigo Arnaldo V. Carvalho, em palestra no dia 20 de junho de 2021, às 19:00 h. Mais detalhes na página do evento, organizado pela UTFPR. Quando o Arnaldo me avisou sobre o tema da palestra, minhas reflexões levaram a este insight.

Há uma característica da interação humana que escapa à interação mediada por sistemas tecnológicos, e penso que isso sempre vai continuar a acontecer.

Chamo esta característica de Presença. A palavra indica algo que depende da presença física de outra pessoa, mas que é propositalmente removida de qualquer interação mediada por tecnologia.

Refiro-me ao risco. Toda interação humana direta envolve riscos. Estamos deixando outra pessoa, possivelmente hostil, penetrar na nossa zona de conforto.

A tecnologia cria uma camada isolante para eliminar ou reduzir estes riscos. Ela introduz uma distância física, reduzindo o impacto da proximidade; e outros riscos podem ser evitados com um simples desligar.

Mas o compartilhamento de riscos é um cimento social eficaz. Qualquer força armada sabe disso – são os irmãos em armas, é a camaradagem das trincheiras.

Há algo de especial em olhar nos olhos de outra pessoa, sustentando ou afastando o seu olhar, enfrentando o desafio do reflexo fight-or-flight, ou o desafio do either we hang together, or we will surely hang separately.

Estes riscos a tecnologia nunca vai implementar, porque toda a nossa orientação como Homo faber é usar a tecnologia para reduzir riscos.

O mesmo efeito de redução de riscos acontece nas comunicações das redes sociais, e ajuda a explicar porque há tanta agressividade nelas.

Mais uma vez, os jogos podem funcionar como um microcosmo para explorar problemas e desafios colocados fora do Círculo Mágico.

Palavras-chave

LC, o Quartelmestre

Também conhecido como Luiz Cláudio Silveira Duarte. Escritor, poeta, pesquisador, jogador, polímata, filômata... está bom para começar.