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O jogo do amor

blog 29 de Jul de 2022

Há dois momentos importantes quando jogo. Depois que o jogo começa, estou dentro do círculo mágico: dispo as máscaras cotidianas e me torno um jogador. Como jogador, procuro alcançar a vitória.

Ah, mas a vitória só faz sentido dentro do jogo – só posso persegui-la depois que eu me torno um jogador.

Antes do jogo começar, ainda não sou um jogador, e o jogo sequer existe. Meu objetivo ainda não é a vitória, e sim o jogar: unir-me a outras pessoas, para criarmos, juntos, o jogo. Somente depois que este ato de cooperação acontecer é que nos tornaremos jogadores e poderemos procurar nossas vitórias.

Claro, pode acontecer de eu não alcançar a vitória. E daí? A vitória, lembro, não era o meu objetivo; meu objetivo era ter momentos de alegria e prazer em boa companhia.

Há aqui fortes paralelos com o ato de amor. Também criamos um círculo mágico, dentro dele despimos o cotidiano, e desempenhamos papéis especiais. Queremos ter, juntos, momentos de alegria e prazer.

Quando jogamos, procuramos a vitória; quando transamos, procuramos o orgasmo. Mas, da mesma forma que não é a vitória que me leva a jogar, não é o orgasmo que me leva ao amor.

Neste dia 31 de julho, dia do orgasmo, penso em momentos tão especiais com mulheres que amo, que amei, que amarei. É a sua intensidade que me inebria, e não uma fugaz vitória.

Palavras-chave

LC, o Quartelmestre

Também conhecido como Luiz Cláudio Silveira Duarte. Escritor, poeta, pesquisador, jogador, polímata, filômata... está bom para começar.