O jogo do amor
Há dois momentos importantes quando jogo. Depois que o jogo começa, estou dentro do círculo mágico: dispo as máscaras cotidianas e me torno um jogador. Como jogador, procuro alcançar a vitória.
Ah, mas a vitória só faz sentido dentro do jogo – só posso persegui-la depois que eu me torno um jogador.
Antes do jogo começar, ainda não sou um jogador, e o jogo sequer existe. Meu objetivo ainda não é a vitória, e sim o jogar: unir-me a outras pessoas, para criarmos, juntos, o jogo. Somente depois que este ato de cooperação acontecer é que nos tornaremos jogadores e poderemos procurar nossas vitórias.
Claro, pode acontecer de eu não alcançar a vitória. E daí? A vitória, lembro, não era o meu objetivo; meu objetivo era ter momentos de alegria e prazer em boa companhia.
Há aqui fortes paralelos com o ato de amor. Também criamos um círculo mágico, dentro dele despimos o cotidiano, e desempenhamos papéis especiais. Queremos ter, juntos, momentos de alegria e prazer.
Quando jogamos, procuramos a vitória; quando transamos, procuramos o orgasmo. Mas, da mesma forma que não é a vitória que me leva a jogar, não é o orgasmo que me leva ao amor.
Neste dia 31 de julho, dia do orgasmo, penso em momentos tão especiais com mulheres que amo, que amei, que amarei. É a sua intensidade que me inebria, e não uma fugaz vitória.