Vamos dançar?
Shall we dance? (“vamos dançar?”) é uma frase que pode inspirar diferentes lembranças. Muitos podem lembrar do filme com este nome (“Dança comigo?”, 2004), estrelado por Richard Gere, Jennifer Lopez, e Susan Sarandon; outros podem lembrar do filme japonês com este título, de 1996, que inspirou a criação do filme de 2004.
Mas o título é uma homenagem proposital a uma cena de um filme bem mais antigo – The King and I (“Ana e o Rei do Sião”, 1956), estrelado por Yul Brynner e Deborah Kerr (com Marni Nixon dublando a canção; Deborah Kerr não tinha treinamento para cantar). Este filme, por sua vez, é a versão cinematográfica de um musical de 1951, também com este título, criado por Richard Rodgers e Oscar Hammerstein.
A cena e a canção com este nome aparecem perto do fim do filme. Não há dúvida que a cena é belíssima – na música, na dança, na tensão entre os dois personagens.
Para mim, a lembrança é outra – bem mais pessoal.
Em 1997, viajamos a New York por alguns dias, em julho. Em nossos planos, constava assistirmos à nova montagem de The King and I, com Donna Murphy e Lou Diamond Philips. Conseguimos assisti-la, de fato, e foi um belo espetáculo.
Mas também não é esta a minha lembrança…
Alguns dias antes de vermos o musical, estávamos passeando pelas ruas próximas ao Rockefeller Center. Uma vitrine nos chamou a atenção: ela tinha manequins com os trajes usados em montagens mais antigas, e eram justamente os trajes da cena Shall we dance?
Lidia estava empurrando o carrinho da Thalia, e eu levava Arthur pela mão. Pedimos ao Arthur que segurasse um pouco o carrinho, e Lidia e eu imediatamente passamos a cantar a canção e a dançar na calçada.
Esta, sim, é a minha memória; para mim, esta canção é um permanente convite à dança (e este é outro nome com história…).