Brincando com a vida
Eu era adolescente quando os jogos se tornaram uma parte importante da minha vida. Aos poucos, foram se tornando uma parte essencial dela. E isto contribuiu, de forma decisiva, para o modo como tenho lidado com o meu transtorno.
Por força de circunstâncias de trabalho e de saúde, minha família passou por muitas mudanças entre meus cinco e oito anos. Em um momento crucial para a formação de amizades infantis, eu era sempre o recém-chegado. Brasília foi a quarta cidade em quatro anos. Aqui minha família ficou, mas eu ainda tive que enfrentar um ano difícil na terceira série, alvo de bullying severo – tanto por um colega quanto pela nossa professora, sua mãe.
Tudo isso contribuiu para que eu fosse um menino retraído. Ainda assim, consegui fazer um grande amigo. Hoje, suponho que ele também era um dos excluídos, embora eu não percebesse isso à época: ele era um dos raros alunos negros em um grande colégio. Alguns anos depois, eu travei amizade com outro recém-chegado, igualmente vítima de bullying, também marginalizado por racismo.