Jogo e sexo
Mais um paralelo entre jogo e sexo.
Há algum tempo, escrevi sobre um paralelo entre jogo e sexo. Lá, comentei que a vitória no jogo é equivalente ao orgasmo no sexo. Jogar aceitando somente a vitória é equivalente a abordar o sexo aceitando somente o orgasmo. Se uma partida é boa, divertida, emocionante, envolvente, então vencer ou perder não vai apagar estas emoções tão preciosas; e exatamente o mesmo se aplica a uma transa e ao orgasmo.
Outro paralelo, análogo a este, me ocorreu há pouco. Há uma semana, eu estava no Paraná, com amigos queridos, e passamos vários dias jogando. Mesmo agora, uma semana depois, consigo lembrar de várias das partidas, com um sorriso. Eu lembro das partidas, das brincadeiras, das jogadas inesperadas – mas não lembro de quem venceu qual. Minha memória é a dos bons momentos compartilhados, e não a da vitória ou derrota – momentos pessoais meus.
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Ora, desde que retornei, joguei algumas partidas em versões digitais de jogos que aprecio – Agricola e Through the Ages. Joguei sozinho. Em cinco dias, talvez umas oito ou dez partidas.
Não lembro de nenhuma delas.
Ah, sim, o outro paralelo com o sexo. Sempre que tenho uma parceira em meus braços, compartilhando beijos, carinhos, toques, cheiros e líquidos, a memória me acompanha por dias a fio – e, em alguns casos, por anos.
Já a masturbação é esquecida, apagada, poucos minutos depois que acaba.
Aí está o paralelo.
Um ditado popular diz que paralelas se encontram no infinito. Uma perspectiva matematicamente imprecisa, poeticamente elegante – e, neste caso, bastante adequada.
No jogo e no sexo, encontramos o infinito em outros. Nossos infinitos particulares podem se estender indefinidamente, mas – paradoxalmente – nós mesmos os limitamos, replicando permanentemente o que temos em nós. Mas, ao encontrar o outro, ao compartilharmos momentos de alegria e prazer, nossos infinitos se tocam, de forma ainda mais íntima que nossos corpos – e crescemos.
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