Cara a cara com Luiz Cláudio Duarte
Uma entrevista que dei ao Jefferson Oliveira, por ocasião do primeiro Retiro Lúdico.
Esta entrevista foi publicada no antigo blog do Jefferson Oliveira (keymaker), e ele a republicou na Ludopédia.
Voltando a série de entrevistas Cara a Cara, desta vez o entrevistado será Luiz Cláudio Duarte, board gamer veterano ele nos conta um pouco da sua caminhada lúdica, assim como seu envolvimento com o grupo Confraria Lúdica que acredito ser o mais antigo grupo de jogadores de tabuleiro em atividade no Brasil, também vamos saber um pouco mais sobre o evento Curitiba Lúdica e o recém criado 1º encontro nacional de jogadores de tabuleiro, o 1º Retiro Lúdico idealizado pelo próprio Luiz a ser realizado de 26/04/13 à 28/04/13 em um hotel estância em Colombo-PR a poucos minutos de Curitiba com acesso aos participantes do evento.
Mais um grande incentivador do nosso hobby que ao longo dos anos vem fazendo sua parte na divulgação do mesmo, tomem seus assentos e nos acompanhem e quem sabe ao final da entrevista você venha a ser mais um dos participantes do evento, nos vemos por lá.
1. Fale um pouco sobre você: nome, idade, profissão e onde vive?
Meu nome completo é Luiz Cláudio Silveira Duarte. Sou funcionário público aposentado e vivo em Curitiba.
2. Conte-nos um pouco sobre a sua caminhada lúdica, dos jogos de tabuleiro clássicos aos modernos:
Senta que a história é comprida. Eu comecei a me dedicar seriamente a jogos a partir de 1978, quando a Editora Abril lançou uma coleção chamada Todos os Jogos. Esta coleção, idealizada pelo saudoso Mário Seabra, foi a porta de entrada de muita gente no universo lúdico e eu não fui exceção.
Eu joguei muitos dos jogos que saíram na coleção, mas os que mais me prenderam a atenção foram os wargames. Paralelamente a esta coleção, eu fizera amizade com dois colegas do colégio (eu cursava o 2º Grau) e nós jogávamos direto 1914 – O Jogo da Diplomacia, a versão pirata da Grow para o Diplomacy. A estratégia dos jogos de tabuleiro já estava me cativando desde então.
Continuei me dedicando aos wargames por vários anos; isso não era de surpreender, porque a época (final dos anos 1970 e início dos anos 1980) era justamente o fim da era de ouro destes jogos.
Mas nem só de wargames vive o jogador. Em 1984, travei contato com o RPG, primeiro com um sistema próprio e depois com o Middle-Earth Roleplaying e o Pendragon, que um amigo trouxe da França. Foi amor à primeira vista. Joguei nestes quase 30 anos muitos sistemas, e até hoje é um aspecto do hobby que muito me atrai.
Transitei brevemente pelos trading card games, especialmente Magic: the Gathering, mas desisti antes que estes jogos abrissem um rombo grande demais no meu orçamento.
Já na primeira década do século XXI, comecei a conhecer os modernos jogos de autor. O primeiro foi Settlers of Catan, mas não gostei dele por não permitir um planejamento, dependendo demais dos lances dos dados. A seguir passei para Carcassonne, Puerto Rico, Ticket to Ride e não parei mais.
Quem quiser ver alguns detalhes deste progresso lúdico pode ver a geeklist Minha Vida em Jogos:
http://www.boardgamegeek.com/geeklist/26208/minha-vida-em-jogos-portuguese
3. Quantos jogos tem em sua ludoteca atualmente?
211, contando as expansões.
4. Você também faz parte da Confraria Lúdica, qual o seu envolvimento com o site/grupo?
Lembra dos dois amigos que mencionei acima, com quem eu jogava Diplomacia? Pois, em 1979, nós três decidimos nos organizar. Marcelo sugeriu a formalização do grupo, Theodoro sugeriu o nome e eu fiquei com a organização.
Nos anos que se seguiram, a Confraria Lúdica foi crescendo aos poucos e foi se espalhando. Hoje temos confrades em Brasília, Salvador, Rio de Janeiro, Bauru, Curitiba e Israel. Nós somos provavelmente um dos grupos de jogo do Brasil mais antigos ainda em atividade.
Quatro confrades, inclusive os três fundadores, vão participar do Retiro Lúdico.
5. E sobre o Curitiba Lúdica do que se trata?
O Curitiba Lúdica foi uma iniciativa de alguns jogadores de Curitiba, que contou com o meu apoio – e, por meu intermédio, com o apoio da Confraria Lúdica. Era uma reunião bimestral de jogadores em Curitiba. O público chegou a mais de 100 pessoas, mas recentemente os organizadores andam com problemas pessoais e é uma incógnita se o evento vai continuar a acontecer.
6. Agora chegamos ao Retiro Lúdico, qual a proposta do evento e como/quando foi idealizado?
Eu sempre gostei de reunir jogadores. Quando morei em Brasília eu organizava as Open Houses Lúdicas em minha casa. Participei da organização de outros eventos, como o Curitiba Lúdica por algum tempo.
Mas eu sentia falta de um evento verdadeiramente nacional. Há alguns anos, as Festas do Peão de Tabuleiro de São Paulo quase assumiram este papel; mas as FPTs acabaram e hoje o que você vê são muitos encontros regionais – o Castelo das Peças, a Jogasampa, o Curitiba Lúdica, e outros.
Em janeiro, eu estava conversando com minha esposa e deplorando o possível fim do Curitiba Lúdica, e nós começamos a fazer um brainstorm de como poderia ser um evento diferenciado. Como eu gosto de envolver minha família em minhas atividades, a ideia desde o princípio era fazer um evento no qual as famílias pudessem ter participação, quer jogando quer apenas acompanhando os viciados. Nos arredores de Curitiba há uma série de hotéis-fazenda, e surgiu a ideia de passarmos um fim de semana em um destes hotéis; os jogadores poderiam ficar jogando e as famílias poderiam desenvolver outras atividades.
Lancei a ideia nas listas de e-mail de Curitiba e do Brasil. Houve várias respostas entusiasmadas, em número suficiente para que eu levasse à frente a pesquisa de como operacionalizar o conceito. Consultei cerca de dez hotéis-fazenda e consegui estabelecer um bom relacionamento com o Estância Betânia, que foi afinal selecionado.
Além do hotel, tive que estabelecer uma data. Não podia ser um feriadão, pois os custos – de transporte e de hospedagem – seriam maiores. Não podia ser muito no meio do ano, pois nossa região pode ser bem fria. Verificando as datas disponíveis no hotel, terminei por selecionar o fim de semana de 26 a 28 de abril.
7. Além de você existem outros colaboradores envolvidos? Gostaria de citar os nomes destas pessoas?
Não, a organização está sendo realizada somente por mim. Minha esposa ajuda, principalmente com sugestões e ideias, mas o trabalho braçal é meu mesmo.
8. O evento Retiro Lúdico será realizado anualmente?
Ainda é cedo para dizer. Provavelmente sim, mas o tempo dirá.
9. Alguns de nós já se conhece pessoalmente ou via internet devido ao nosso envolvimento no hobby, é necessário algum tipo de indicação para participar do evento?
Não. O Retiro Lúdico é aberto a todos os jogadores e interessados em conhecer os modernos jogos de autor. As exigências são pagar a taxa reserva (ao hotel) e me avisar.
10. O evento é aberto a qualquer tipo de jogador de tabuleiro seja ele iniciante ou avançado?
Sem a menor dúvida. Como eu gosto de dizer, todos os jogadores veteranos começaram como novatos. Eu sempre gosto de ensinar novas pessoas a jogar, e já fiz muitas amizades assim. Claro, existem jogadores que torcem o nariz para novatos, mas este não é o meu caso.
11. Quantos participantes já confirmaram presença no evento, ainda há vagas para este ano?
O hotel tem 35 quartos e já reservamos 22. Pela minha estimativa, teremos pouco mais de 30 jogadores, contando ainda com a participação eventual de familiares deles.
12. Qual o perfil dos participantes até o momento, solteiros, casados, caravanas?
Há uma maioria de casais, com alguns solteiros (tanto sozinhos quanto dividindo quartos). Nenhuma caravana que eu saiba; nem sei se o formato do evento se prestaria a uma caravana.
13. Existe uma Geeklist no BGG sobre o evento, qual o objetivo desta lista?
Fornecer uma forma estruturada dos participantes anunciarem que jogos querem levar e que jogos gostariam de ver no evento. A geeklist está em https://www.boardgamegeek.com/geeklist/153860/1-retiro-ludico
14. Existe algum cronograma do evento com horários de funcionamento ou o salão estará sempre disponível, é possível virar a madrugada jogando por exemplo?
É possível virar a madrugada, sim. O salão estará à nossa disposição por todo o fim de semana.
15. E finalizando, qual o caminho para aqueles que pretendem participar do evento, os contatos e inscrições são feitos diretamente com você?
Sim. O pagamento não é comigo, mas eu estou centralizando os contatos e as inscrições, para manter o controle da quantidade de participantes. Quem quiser pode entrar em contato comigo no endereço: [email protected]