Joy

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Hoje fomos a um sítio na vizinha cidade de Colombo, o sítio Gasparin. É um lugar muito agradável, com uma horta colha-e-pague, na qual sempre encontramos verduras e legumes de excelente qualidade.

Mas hoje nossa colheita foi diferente. Enquanto caminhávamos pelos canteiros, notamos uma cadela mancando. Que era uma cadela era bem óbvio, pois é visível que não vai demorar a dar à luz. O que não era tão óbvio era o motivo de estar mancando. Descobrimos quando nos aproximamos dela.

A foto mostra que a parte traseira da pata dela foi cortada, com um instrumento bastante afiado.

O corte é fundo, e impede totalmente que ela use a pata.

Ela é extremamente dócil, e aceitou mansa ser apanhada e carregada. O pessoal do sítio nos disse que ela vive na região há algum tempo, e nos ajudou a recolhê-la.

Nós a levamos para a Clinivet. Ela foi tranquila no carro, parecendo aliviada; às vezes gemia um pouco. Tinha muitos carrapatos; moscas e outros insetos recobriam a sua ferida. Foi atendida com todo o cuidado pelo pessoal da emergência.

Nós lhe demos o nome de Joy — alegria — porque achamos que ela vai ficar alegre ao ganhar uma nova chance de sobreviver e de amamentar seus filhotes.

Mas não foi alegria o que senti, enquanto dirigia para a clínica. Sentia uma raiva fria do ser humano que fez-lhe um corte preciso na pata: um corte calculado para dar uma morte prolongada e dolorosa, a ela e a seus filhotes não nascidos.

Não precisamos da filosofia ou da sociologia para sabermos se o mal existe. Quem tem olhos para ver, vê.



2024 Luiz Cláudio Silveira Duarte https://quartelmestre.com
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