Quem é a Joy?

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Joy em nossa casa, após as cirurgias

Joy foi encontrada em uma chácara, na região rural de Colombo (PR), no dia 23 de abril de 2017.

Quando a vimos, notamos duas coisas: primeiro, que estava com uma prenhez bem adiantada e, segundo, que estava com um ferimento muito sério em sua pata traseira esquerda. Parecia uma fratura exposta; a cachorrinha trazia a pata encolhida, junto ao corpo, e mancava com grande dificuldade.

Depois de vê-la, fomos pedir informações aos moradores, que nos disseram que ela já perambulava pela região há algum tempo. Alguns tinham notado que ela estava machucada, mas não tinham tentado socorrê-la.

Voltamos a procurá-la, e a encontramos sob uma folhagem, lambendo a pata ferida. A ferida estava recoberta de moscas e vermes, e tinha um cheiro horrível.

A cachorrinha mostrou-se bastante dócil e deixou-se recolher sem problemas. Conseguimos uma caixa de papelão onde acomodá-la, e voltamos com ela a Curitiba, direto para a clínica veterinária.

Tínhamos que lhe dar um nome, para os registros da clínica, e escolhemos Joy — alegria, em inglês — porque ela parecia alegre em estar sendo cuidada, e em ter uma chance de ter seus filhotes e vê-los crescer.

Joy foi atendida rapidamente; a primeira tarefa, urgente, era providenciar a limpeza do ferimento. Somente lá pudemos ter a verdadeira dimensão do caso.

Joy ao chegar à clínica

A parte traseira da pata tinha um corte fundo, bastante regular. Provavelmente foi realizado por uma foice, ou um facão. O tendão foi cortado, e o osso foi danificado.

Foi uma ferida realizada deliberadamente, com o intuito de fazer a pequena cachorrinha ter uma morte lenta e dolorosa.

A ferida estava cheia com larvas e ovos de parasitas; Joy também estava infestada por grandes carrapatos. A ponta de sua cauda estava ferida, com uma vértebra quebrada. Suas orelhas também tinham cortes, e estavam infestadas por parasitas.

O tratamento começou imediatamente; Joy ficou internada. O exame de sangue inicial mostrou que ela estava com uma forte infecção, e que estava anêmica.

Um dos filhotes de Joy
Um dos filhotes de Joy

No dia seguinte, ela deu à luz a cinco filhotes. Três estavam mortos ao nascer.

Dois nasceram vivos; um pequeno casal.

Mas Joy não conseguia produzir leite, muito menos colostro. Os filhotes foram colocados em uma incubadora, e procuramos uma mãe de leite para amamentá-los. Conseguimos encontrar uma cachorrinha, que os acolheu — mas os pequenos não sobreviveram.

Os exames de imagem mostraram que o sistema digestório de Joy não aparenta ter problemas… mas também mostraram que a alimentação dela, provavelmente há muito tempo, era apenas de ossos e suas lascas.

Joy continuou na clínica, cercada de cuidados e sempre muito carinhosa.

Mas a internação sempre oferece riscos; como Joy estava bastante fragilizada, havia o temor que pudesse contrair uma infecção de outro animal internado. Assim, nós a trouxemos para nossa casa.

Continuamos o tratamento, com duas trocas diárias dos curativos em sua pata e em sua cauda, e com limpeza e medicação dos ouvidos.

Joy dá mostras de ter sido uma cachorrinha criada em apartamento. Sai ao quintal, para defecar, apenas uma vez por dia, e sempre em um cantinho afastado. Sempre se mostra muito carinhosa, e gosta de ficar perto de pessoas.

Nossa suspeita é de que ela tenha sido abandonada, na região rural onde a encontramos. Os moradores nos contaram que é muito comum verem, à noite, caminhoneiros abandonarem animais na estrada; parece que os trazem, mediante pagamento, de suas cidades, para abandoná-los longe.

Ela não é uma cachorrinha jovem, e suas mamas estão bastante curtidas. Ela provavelmente teve várias ninhadas. Sua pelagem também mostra alguma idade, pois já tem um toque grisalho. Quanto a seus dentes, mostram tanto a sua idade quanto as dificuldades para encontrar comida, pois estão desgastados e quebrados.

No dia 8 de maio, Joy foi submetida a uma cirurgia em sua pata ferida e em sua cauda. O cirurgião precisou reconstruir o osso calcanhar, com enxertos ósseos; ele disse que ainda encontrou larvas e ovos dentro da ferida. A última vértebra da cauda foi amputada.



2024 Luiz Cláudio Silveira Duarte https://quartelmestre.com
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