The Republic of Rome

Resenha do jogo The Republic of Rome.

https://quartelmestre.com/blog/the-republic-of-rome/

The Republic of Rome (ROR) é um jogo semi-cooperativo que simula o funcionamento do Senado da República romana durante os anos entre a Primeira Guerra Púnica e o colapso da República às mãos dos generais.

Esta resenha discute a versão original do jogo, publicada pela Avalon Hill em 1990. Uma segunda versão, com componentes atualizados, foi publicada pela Valley Games em 2009.

Cada jogador controla uma facção de senadores, que competem pelos cargos e benesses da República, buscando aumentar seu poder e sua influência.

ROR não é um jogo simples; as regras são extensas, cheias de detalhes e exceções. Também não é um jogo rápido; uma partida completa tem o potencial de durar cinco ou seis horas, embora isso seja raro – é mais comum que uma partida dure cerca a duas horas.

O aspecto semi-cooperativo do jogo decorre de seu caráter simulacionista; ao mesmo tempo que estão competindo uns contra os outros, os senadores precisam agir em conjunto para enfrentar os perigos que ameaçam a República, como as muitas guerras que Roma enfrentou. Se as forças anti-romanas se tornarem demasiado fortes, Roma cai e todos os jogadores perdem. Assim, os jogadores devem pesar o avanço de sua facção contra o bem-estar da República.

Existem várias maneiras de vencer. Um senador pode chegar a 35 pontos de influência, ou pode ser eleito Cônsul Vitalício, ou pode se revoltar contra o Senado e vencer a guerra civil. Por outro lado, Roma perde se houver quatro ou mais guerras ao fim de uma fase de combate, ou se a população enraivecida assaltar o Senado e massacrar os senadores, ou se a República for à bancarrota.

As duas principais fases em cada turno de jogo (“ano”) são a fase do Forum e a fase do Senado. Na primeira, os jogadores procuram aumentar o poder de suas facções, atraindo novos senadores e Equites para elas. Durante a fase do Forum, os jogadores podem conseguir cartas benéficas, mas também podem conseguir cartas que atrapalham a República (como novas guerras).

Ao final da Fase do Forum, cada facção conta os votos que controla no Senado e a fase do Senado começa. Além dos votos intrinsecamente controlados por cada facção, é possível comprar mais votos com dinheiro, introduzindo um elemento de incerteza e de manipulação nas votações do Senado.

O magistrado mais graduado presente em Roma – tipicamente, um dos Cônsules – preside a sessão e detém o poder de apresentar proposições e candidaturas e o poder de determinar a ordem de votação – que pode ser crucial considerando a possibilidade da compra de votos. Outros jogadores somente podem apresentar proposições ou candidaturas com o uso de uma das (escassas) cartas de Tribuno da Plebe; estas também podem ser usadas para vetar proposições em votação.

Além das eleições para os cargos da República – os Cônsules, o Censor, o Pontífice Máximo, o Ditador e o Mestre da Cavalaria – o Senado é soberano para decidir quem recebe as várias concessões (como taxas portuárias), o governo das províncias e os comandos militares. Estes podem se revelar cruciais para os jogadores, já que não apenas é imprescindível derrotar as muitas guerras que ameaçam Roma como ainda o general vitorioso ganha popularidade, influência e tem mesmo a possibilidade de se rebelar contra o Senado, quiçá ganhando a guerra civil e assim o jogo.

Considerando tudo isso, como ROR corresponde ao objetivo de uma simulação? A resposta não é simples. Do ponto de vista histórico, há alguns erros (como a distinção artificial entre os dois cônsules), mas estes são justificados pelas necessidades lúdicas. Algumas omissões, como as importantes eleições para Pretor, existem porque não se enquadram no universo considerado pela simulação.

Por outro lado, embora ostensivamente o jogo simule cerca a 250 anos de história, a República apresentada é a da fase final, pós-Gracchi. O Senado não funcionou da mesma maneira ao longo do tempo representado pelo jogo, mas, novamente por razões lúdicas, seria inviável mostrar todas as mudanças pelas quais passou a República no período retratado.

Mas, mesmo considerando estes erros e omissões, o jogo alcança notavelmente o objetivo a que se propõe. Os detalhes podem estar fora do lugar, mas o quadro geral é bastante acurado. A simulação atinge o seu propósito.

Do ponto de vista lúdico, o jogo apresenta alguns problemas. O fator sorte é preponderante e a República pode cair independentemente dos esforços conjuntos e do altruísmo dos jogadores. Os componentes, embora funcionais, não têm a mesma qualidade que o jogador moderno acostumou-se a esperar de seus jogos.

Mas, em que pesem seus problemas, o jogo é essencialmente divertido – pelo menos para jogadores que gostem de manipulação política, conchavos, acordos e traições, reviravoltas súbitas.



2024 Luiz Cláudio Silveira Duarte https://quartelmestre.com
O conteúdo destas páginas pode ser utilizado conforme os termos da licença
Creative Commons Atribuição-NãoComercial-CompartilhaIgual 4.0 Internacional.