A musa do fogo
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Já na fase final da caminhada de hoje, eu pensava em fontes de inspiração, e lembrei da invocação que Shakespeare usou para abrir o Henry V – “O for a Muse of fire, that would ascend/The brightest heaven of invention” (“Ah, se houvesse uma musa do fogo, que subisse/Ao mais brilhante céu da invenção”).
Poucos momentos antes, eu havia fotografado o céu do amanhecer, maravilhado com as cores, e pensava quanto destas cores vêm de fuligem das inumeráveis queimadas, que tanto têm vitimado nossas matas. Ocorreram-me algumas linhas
Ó musa do fogo!
Dá-me tua brasa rubra
Poupa nossos campos
Mas sou injusto com a musa; não é ela quem incendeia nossas matas, e sim a mão vil, desapiedada, que se vangloria na sua covardia.