O preço do amor
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Eu sei que sou rico. Com grande fortuna, em amor e amizade (que bem sei, amor também é).
A minha fortuna não vem do que tenho. As pessoas que amo não são minhas, decerto; são delas somente.
Nem tenho amor, pois ninguém o tem nem pode guardá-lo. Eu amo. E, quanto mais amo, mais aumento minha fortuna.
Ah! Mas há um preço a pagar por esta fortuna, por esta riqueza que não tenho.
É a saudade.
Esta eu guardo; esta eu tenho. Esta fica, mesmo depois. Não depois que o amor acaba, pois não acaba; nem eu sei deixar de amar.
Mas as pessoas que eu amo, sim, se vão. Algumas sei que não verei, e saber disso dói; algumas verei, e saber disso dói mais.
O amor é momentos -- doces, preciosos. Memoráveis. Um chiste trocado, um abraço apertado, um sorriso deliciado, um arquejo apaixonado. Momentos vividos, talvez sonhados.
A saudade não é momento, é duração. É a sombra daqueles momentos, iluminando o meu espírito como eles iluminaram a minha vida.
Em saudade eu pago a minha fortuna... e, porque ela é o que guardo, é ela a minha riqueza.