As portas do Sonhar
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No frio noturno
O guarda vigia
Passadas marcadas
Ecoam no escuro
Mantendo o segredo
Das portas fechadas
Um som pressentido
Bem mais que ouvido
Provoca um
-- Alto!
Seu nome, ligeiro!
Não venha escondido
E sim no carreiro.
Revele quem é
E se vem armado.
-- Sou eu, sentinela
Já sou conhecido
Cumpriu seu dever
Correta cautela
Agora eu passo
Ao encontro dela.
As armas que trago
Não causam lesão
Um beijo, um afago
O toque, o calor
Ostento brasão
Das lides do amor.
-- Pois passe, senhor
Aqui eu vigio
As portas da noite
Não deixo passar
Patifes, tratantes
Mas devo apressar
Entrada de amantes
A Lua vai alta
É noite propícia
Além destas portas
Deleites, carícias
Sorrisos, olhares
Arquejos e beijos
Amar e sonhar.